Quem Criou O OrAmento Secreto?
O que aconteceu com o orçamento secreto?
O que acontece após fim do Orçamento Secreto? 22 dezembro 2022 Um dos principais mecanismos de sustentação do governo Jair Bolsonaro, as emendas de relator – que estão por trás do que ficou conhecido como Orçamento Secreto – foram consideradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal.
- O orçamento secreto é mais um capítulo nessa trajetória de ganho de poder pelo Congresso.
- Trata-se de uma modalidade de emenda parlamentar pouco transparente para onde fluíram bilhões de reais nos dois últimos anos do governo Bolsonaro, cujo gasto era controlado pelo Legislativo Neste vídeo, nossa repórter Camilla Veras Mota explica como essa decisão do STF mexe com a relação entre o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e o Congresso.
Assista e confira. Reportagem em texto: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-64034650
Como o PT votou no orçamento secreto?
SÃO PAULO E BRASÍLIA – O partido do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva votou em peso, na Câmara, a favor do projeto de resolução que altera as regras de aplicação das emendas de relator, a base do chamado orçamento secreto – mecanismo adotado pelo governo Jair Bolsonaro para obter apoio de parlamentares, como revelou o Estadão,
- A iniciativa foi aprovada nesta sexta-feira, 16, no Congresso para assegurar uma vitória no Supremo Tribunal Federal (STF), que está para encerrar um julgamento que questiona a constitucionalidade do instrumento.
- Dos 49 deputados do PT presentes à sessão, 44 votaram a favor da resolução, três contra e dois se abstiveram.
Somente divergiram da orientação da liderança Vander Loubet (MS), Henrique Fontana (RS) e Maria do Rosário (RS). Já no Senado, foram três votos favoráveis ao projeto, um contra e duas abstenções. Fabiano Contarato (ES) foi o único a rejeitar o projeto em plenário.
- Na campanha, Lula não poupou críticas ao orçamento secreto.
- Classificou a prática como “bandidagem”, “excrescência política” e afirmou que Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, exercia o poder como um “imperador do Japão”.
- Após vencer a eleição, porém, o petista foi mudando o discurso, até evitar qualquer polêmica sobre o tema, desde que houvesse “transparência” e alinhamento com prioridades do governo.
O partido de Lula foi criticado. “Eu acho que é uma incoerência brutal do PT”, disse no plenário o senador Renan Calheiros (MDB-AL). “Até o PT votou a favor do que Lula em campanha criticou e prometeu acabar”, afirmou no Twitter o deputado Alexandre Frota (PROS-SP), que apoiou o petista no segundo turno.
- O placar foi de amplo apoio à aprovação do texto, tanto na Câmara como no Senado.
- Entre os deputados, o projeto recebeu 328 votos a favor – 20 a mais do que o necessário para aprovar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) – e 66 contra.
- No Senado, o placar ficou em 44 a 20.
- Ao discursar, o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) chamou a atenção para o volume de recursos sob controle de Lira e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“Eu quero saber, Vossa Excelência Rodrigo Pacheco, o que Vossa Excelência quer com R$ 1,5 bilhão? O que o presidente da Câmara, Arthur Lira, quer com R$ 1,5 bilhão?”
Qual o valor do orçamento secreto do governo Bolsonaro?
Veja quanto já custou o orçamento secreto BRASÍLIA – Nos últimos três anos, o se apropriou de R$ 53,9 bilhões dos recursos públicos para destinar verbas, sem transparência, a redutos de deputados e senadores. No esquema montado com aval do governo do presidente Jair Bolsonaro, o deputado pede ao Executivo para enviar dinheiro a uma prefeitura de um aliado e determina o que deve ser comprado com o valor sem qualquer estudo que indique que a cidade realmente precisa daquele bem público. Na véspera do julgamento no (STF) de a ação que pede o fim do orçamento secreto, líderes do Congresso redigiram uma minuta de projeto de resolução para mudar as regras na tentativa de evitar que o esquema seja considerado inconstitucional. Somente em 2023, há previsão de R$ 19,4 bilhões para essas emendas do orçamento secreto. : Veja quanto já custou o orçamento secreto
O que é o orçamento secreto do governo?
Comprova Explica: Criadas em 2019 e implementadas em 2020, as chamadas emendas de relator do Orçamento ficaram conhecidas como “orçamento secreto” por permitirem que parlamentares destinem recursos que saem diretamente dos cofres da União sem que haja transparência para onde vai o dinheiro.
- Ao não especificar nomes, limites e o destino, o mecanismo facilita, na prática, os casos de corrupção.
- Em novembro de 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a suspender os repasses, mas voltou atrás e pediu mais transparência na execução das verbas.
- Desde 28 de agosto de 2022, quando ocorreu o primeiro debate eleitoral entre os candidatos à presidência, circulam no YouTube e no Twitter conteúdos em apoio a Jair Bolsonaro (PL) que, no evento, afirmou, de forma enganosa, ter vetado a criação do orçamento.
Em um primeiro momento, o presidente realmente tentou vetar a medida, mas acabou recuando e assinando o texto da Secretaria de Governo que a criou – ou seja, foi seu governo que criou este tipo de emenda. Além disso, posts também erram ao afirmar que o PT é “o pai do orçamento”.
- Embora tenha tido participação decisiva em sua aprovação, o Partido dos Trabalhadores não é seu criador.
- Na contramão do que orientou o partido, o senador petista Rogério Carvalho (SE) desempatou no Congresso a votação a favor do orçamento secreto.
- Conteúdo analisado : Vídeo no YouTube compartilhado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em que ele usa o título “Lula mente: PT é o pai do orçamento secreto.
Bolsonaro vetou!”. Receba, em primeira mão, as principais notícias da CNN Brasil no seu WhatsApp! Inscrever-se Comprova Explica : No primeiro debate eleitoral entre os candidatos a presidente, em 28 de agosto, organizado por TVs Bandeirantes e Cultura e por Folha e UOL, Simone Tebet (MDB) insistiu no assunto. Das oito vezes em que a expressão “orçamento secreto” foi citada, cinco foi ela quem falou.
Em uma delas, disse: “Agora, talvez, o maior escândalo da história do Brasil de corrupção, o tempo dirá: o orçamento secreto. Dezesseis bilhões de reais todos os anos, dizendo que está indo para o interior do Brasil, sabendo que essas notas são frias, que serviços não são executados, que esse dinheiro volta, na integralidade, para o bolso de quem o entregou”.
Em seguida, o presidente Jair Bolsonaro teve direito de resposta atendido e falou, entre outros assuntos: “Orçamento secreto: eu vetei; o Parlamento derrubou o veto. É lei. O seu partido, Lula, votou para derrubar o veto no tocante ao orçamento secreto.
- Não tenho nada a ver com isso.” O orçamento secreto é como ficaram conhecidas as emendas de relator, identificadas também como RP9.
- É uma ferramenta que permite que parlamentares façam o requerimento de verba da União sem detalhes como identificação ou mesmo destinação dos recursos.
- Criado em 2019, no Projeto de Lei do Congresso Nacional número 51, o mecanismo ajuda o presidente a negociar com as bancadas do Congresso Nacional em busca de apoio político.
Nos últimos meses, o assunto ganhou notoriedade ao ser atrelado a suspeitas de fraudes e corrupção utilizando o dinheiro público, como nas compras de caminhão de lixo e a licitação bilionária do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a aquisição de ônibus escolares,
- Nas redes sociais, o orçamento secreto se tornou tema de posts de apoiadores de Bolsonaro, seguindo suas afirmações no debate: que ele vetou o mecanismo e que o PT votou para derrubar o veto.
- Porém, as alegações de Bolsonaro não são totalmente verdadeiras.
- Ele vetou em parte o projeto.
- Inicialmente, o Congresso tentou viabilizar a RP9 e o presidente vetou a medida.
Mas, depois, ele recuou do veto e encaminhou ao Congresso o texto que criou o mecanismo. Além do erro ao afirmar que Bolsonaro vetou a medida, uma publicação viral no YouTube do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) engana ao afirmar que o “PT é o pai do orçamento secreto”.
O partido teve participação decisiva, mas não criou o recurso. Depois de ter sido aprovado com folga na Câmara dos Deputados, o texto que mantém os repasses do orçamento secreto enfrentou mais dificuldade no Senado, em novembro de 2021. A votação foi desempatada pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), que votou a favor da proposta, na contramão do que orientou e votou a bancada petista.
Usada neste momento pré-eleição, a desinformação é perigosa para os eleitores, que não devem fazer suas escolhas a partir de mentiras. Por isso, o Comprova decidiu explicar pontos importantes relacionados a esse tipo de orçamento.
O que o STF decidiu sobre o orçamento secreto?
A decisão limita o uso de emendas de relator do tipo RP-9 a erros e omissões.20040 pessoas já viram isso Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional o chamado orçamento secreto, como ficaram conhecidas as emendas de relator ao Orçamento Geral da União, identificadas pela sigla RP-9.
O que foi encontrado na quebra de sigilo de 100 anos?
Pesquisa inédita avaliou os 1.379 sigilos decretados pelo governo federal entre 2015 e 2022 e descobriu que 80% deles foram impostos durante o governo Bolsonaro. A maior quantidade de sigilos de cem anos foi decretada em 2021: 342. O número é 12,7 vezes maior em relação a 2015 (27).
Quando foi aprovado o orçamento secreto no Brasil?
O orçamento secreto é uma prática legislativa brasileira iniciada em 2020 para destinação de verbas do orçamento público a projetos definidos por parlamentares sem a devida identificação.
Quem sancionou a lei do orçamento secreto?
Como foi criado o orçamento secreto? – Dentro da Lei Orçamentária Anual (LOA ) estão previstas as emendas parlamentares, ou seja, recursos direcionados por deputados a suas bases políticas ou estados de origem, que devem ser usados para investimentos em saúde e educação.
- Até 2020, a maior parte dos recursos controlados pelo Congresso era usado por meio das emendas individuais, cujos valores são distribuídos igualmente entre os parlamentares e há total transparência na utilização.
- Já os volumes das emendas do relator-geral eram bem menores.
- Porém, na elaboração da LOA de 2020, dentro de um contexto político de enfraquecimento do presidente Jair Bolsonaro, ficou decidido o aumento dos volumes das emendas de relator.
Na ocasião, o Congresso votou por alocar R$ 30 bilhões para as emendas de relator-geral, passando grande fatia do orçamento para as mãos do Parlamento. Ao sancionar a Lei Orçamentária de 2020, o presidente vetou a ampliação dos recursos. No entanto, após um acordo entre a Presidência e os parlamentares, o veto foi mantido no Congresso e o Planalto enviou três projetos de lei que mantiveram quase metade dos R$ 30 bilhões sob controle do relator-geral.
Qual é o maior esquema de corrupção do mundo?
Na avaliação da Transparência Internacional Brasil, organização focada no combate à corrupção, não é possível dizer se o Orçamento Secreto é o maior esquema de desvios de recursos do planeta.
Qual foi o maior esquema de corrupção da história do Brasil?
“Orçamento secreto é o maior esquema de corrupção institucionalizada da história”, diz Transparência Internacional Nunca foi tão fácil e tão pouco arriscado desviar dinheiro público na história do país. Essa é a consequência grave da manutenção do orçamento secreto, na avaliação do diretor executivo da seção brasileira da Transparência Internacional, Bruno Brandão.
O orçamento secreto é o maior esquema de institucionalização da corrupção na história brasileira”, afirma ele, com segurança, nesta entrevista ao, E é a partir daí que se depreende que nunca antes foi tão fácil desviar dinheiro público. Porque, para aqueles que têm acesso a esses recursos públicos, o orçamento secreto elimina de forma quase total os riscos do desvio.
“Tiraram os mecanismos tradicionais de desvio de dinheiro para criar um mecanismo de assalto aos cofres públicos com um verniz de legalidade, um teatro de institucionalidade, que reduz os riscos dos agentes, mas que é um a apropriação indébita, uma apropriação corrupta”, avalia Brandão.
É por isso que, para o diretor da Transparência Internacional, será um grande risco para o novo governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva negociar com o Congresso a manutenção do orçamento secreto nos mesmos termos e da mesma forma como ele vem sendo executado. “Trata-se de um mecanismo de impunidade”, afirma.
Numa comparação com os graves esquemas anteriores de corrupção do país – o mensalão e o petrolão –, Bruno Brandão explica que, enquanto eles mantinham aspectos dos mecanismos tradicionais de corrupção pública, tudo isso sofisticou-se no orçamento secreto.
- Nos dois casos, o que havia eram fraudes em contratos de licitação de grandes projetos, com desvios de percentuais em processos que conseguiam ser alcançados pelas ferramentas de fiscalização: tribunais de contas, Ministério Público, Polícia Federal, etc.
- Tanto o mensalão quanto o petrolão foram instrumentos de macrocorrupção, mas foram diretamente mecanismos de corrupção, de desvio de dinheiro público de estatais, de fraudes em licitações para financiamento de apoio político e também para enriquecimento ilícito de agentes públicos e privados.
Me parece que as coisas foram se tornando mais graves”.
O que é orçamento secreto dizer o Direito?
O orçamento secreto consiste no uso ampliado das emendas do relator-geral do orçamento, para efeito de inclusão de novas despesas públicas ou programações no projeto de lei orçamentária anual da União.
Quem criou as emendas do relator?
O que são as “emendas do relator” – As emendas do relator são ferramentas criadas pelo Orçamento Impositivo, implementadas a partir de 2020, que dão ao parlamentar relator da Lei Orçamentária Anual o direito de incluir emendas que precisam ser priorizadas pelo Executivo.
Do ponto de vista técnico, são denominadas de emendas de identificador RP-9. Elas foram apelidadas de “orçamento secreto” pois, diferentemente de outras emendas parlamentares, não tem critério definido para a distribuição ou destino do dinheiro, o que dificulta a fiscalização sobre a execução da verba.
A Câmara dos Deputados, de acordo com a nota técnica nº 63/2021 da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira, de 8 de novembro de 2021, afirma que as emendas do relator “tradicionalmente, são utilizadas com a finalidade de corrigir erros ou omissões de ordem técnica do projeto de lei orçamentária, ou seja, um instrumento colocado à disposição dos relatores para que possam cumprir a função de organizar e sistematizar a peça orçamentária”.
O que é o orçamento?
O orçamento é um plano que ajuda a estimar despesas, ganhos e oportunidades de investimento em um período determinado de tempo. A partir da sua definição, é possível estabelecer objetivos, que vão permitir que os resultados sejam acompanhados de perto e medidos.
Como está o julgamento do orçamento secreto?
A decisão limita o uso de emendas de relator do tipo RP-9 a erros e omissões.20042 pessoas já viram isso Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional o chamado orçamento secreto, como ficaram conhecidas as emendas de relator ao Orçamento Geral da União, identificadas pela sigla RP-9.
O que mudou na emenda do relator?
STF limita uso da emenda de relator e acaba com a distribuição dos recursos entre parlamentares Orçamento Por seis votos a cinco, o Supremo Tribunal Federal decidiu que as emendas de relator só poderão ser usadas para recompor o Orçamento. Desde 2019, no entanto, o dinheiro era repassado pelo relator para parlamentares e diretamente para prefeituras ou entidades filantrópicas. Nelson Jr./SCO/STF Transcrição A MAIORIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL DECIDE PELA INCONSTUTICIONALIDADE DAS EMENDAS DE RELATOR O DINHEIRO SÓ PODERÁ SER USADO PARA RECOMPOR FALTAS NO PROJETO ORÇAMENTÁRIO E NÃO MAIS DISTRIBUÍDO ENTRE OS PARLAMENTARES. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN.
- Por seis votos a cinco, os ministros do Supremo Tribunal Federal consideraram inconstitucional a distribuição de recursos das emendas de relator.
- Com a decisão, o dinheiro só poderá ser usado para a correção do próprio Orçamento Geral da União como ocorria até 2019.
- Depois disso, o relator do projeto orçamentário passou a definir sozinho como seria gasta essa rubrica.
A maioria dos ministros do STF considerou que não havia transparência nem igualdade nos repasses apesar da aprovação na última sexta-feira de novas regras. Entre elas, a obrigatoriedade da identificação do deputado ou do senador e repasses de acordo com o tamanho das bancadas partidárias.
- O senador Alessandro Vieira, do PSDB de Sergipe, comemorou a decisão do STF.
- Aqueles que votaram novamente numa resolução absolutamente ilegal e imoral pensando em interesses particulares ou partidários agora têm essa resposta firme do Supremo.
- O RP-9 está encerrado.
- O Orçamento secreto está encerrado.
O Orçamento do Brasil terá que ser reescrito. Para o Orçamento de 2023 estão previstos R$ 19 bilhões para as emendas do relator. : STF limita uso da emenda de relator e acaba com a distribuição dos recursos entre parlamentares
Onde está prevista a emenda de relator?
O que são as “emendas do relator” – As emendas do relator são ferramentas criadas pelo Orçamento Impositivo, implementadas a partir de 2020, que dão ao parlamentar relator da Lei Orçamentária Anual o direito de incluir emendas que precisam ser priorizadas pelo Executivo.
Do ponto de vista técnico, são denominadas de emendas de identificador RP-9. Elas foram apelidadas de “orçamento secreto” pois, diferentemente de outras emendas parlamentares, não tem critério definido para a distribuição ou destino do dinheiro, o que dificulta a fiscalização sobre a execução da verba.
A Câmara dos Deputados, de acordo com a nota técnica nº 63/2021 da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira, de 8 de novembro de 2021, afirma que as emendas do relator “tradicionalmente, são utilizadas com a finalidade de corrigir erros ou omissões de ordem técnica do projeto de lei orçamentária, ou seja, um instrumento colocado à disposição dos relatores para que possam cumprir a função de organizar e sistematizar a peça orçamentária”.
O que o Bolsonaro colocou no sigilo de 100 anos?
O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) impôs sigilo de 100 anos em assuntos envolvendo a gestão federal. A medida é uma interpretação de trechos da Lei de Acesso à Informação, número 12.527, de 2011, criada para assegurar transparência na gestão pública.
O artigo 31, no entanto, que versa sobre o tratamento de informações pessoais, diz em seu inciso primeiro que alguns dados podem ser colocados sob sigilo centenário em certas condições. “Terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa a que elas se referirem”, explica o texto.
A mesma lei deixa claro que “a restrição de acesso à informação relativa à vida privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito de prejudicar processo de apuração de irregularidades em que o titular das informações estiver envolvido, bem como em ações voltadas para a recuperação de fatos históricos de maior relevância”.
Quantos sigilos tem o governo Bolsonaro?
Pesquisa inédita avaliou os 1.379 sigilos decretados pelo governo federal entre 2015 e 2022 e descobriu que 80% deles foram impostos durante o governo Bolsonaro. A maior quantidade de sigilos de cem anos foi decretada em 2021: 342. O número é 12,7 vezes maior em relação a 2015 (27).
Qual o valor total do orçamento secreto?
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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O orçamento secreto é uma prática legislativa brasileira iniciada em 2020 para destinação de verbas do orçamento público a projetos definidos por parlamentares sem a devida identificação. A caracterização como “secreto” surgiu na mídia, justamente, devido à falta de transparência quanto aos valores de cada repasse e dos nomes dos parlamentares envolvidos.
- Estima-se que o orçamento foi de cerca de 16 bilhões de reais em 2021 e terá valor similar em 2022.
- O presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (deputado federal por Alagoas e filiado ao Progressistas, PP) é considerado como um dos principais arquitetos da prática.
- Diferente das emendas parlamentares já existentes, não há divisão igualitária entre os congressistas na destinação do orçamento secreto, nem critérios estabelecidos para distribuição entre bancadas ou regiões do país,
O orçamento secreto favoreceu a relação entre o governo Bolsonaro e o Centrão, permitindo maior governabilidade ao presidente. Levantamento do jornal O Globo, a partir de amostra do orçamento secreto, indica que os políticos mais beneficiados foram: Davi Alcolumbre (senador pelo Amapá, então filiado ao Democratas ), Ciro Nogueira (senador pelo Piauí, filiado ao PP), Fernando Bezerra Coelho (senador por Pernambuco, filiado ao Movimento Democrático Brasileiro, MDB), Domingos Neto (deputado federal pelo Ceará, filiado ao Partido Social Democrático, PSD) e Arthur Lira.
- Somente 4% do orçamento foi destinado a parlamentares da oposição ao governo.
- Em 2021, a ministra da suprema corte Rosa Weber suspendeu os repasses, que foram retomados após Weber voltar atrás em sua decisão, com a condição de que fosse dada maior transparência à prática.
- Apesar da decisão, não foi revelado qual parlamentar foi atendido em suas solicitações de destinação de verbas no orçamento e qual o destino do dinheiro em quase metade do valor total de dezembro de 2021, conforme esforço do relator-geral do orçamento, o senador pelo Acre Márcio Bittar (então filiado ao Partido Social Liberal, PSL), de preservar o nome dos parlamentares contemplados.
Um artifício utilizado para tal fim é a nomeação de um “usuário externo” nos documentos oficiais. O “usuário externo” é o nome de um requerente de verbas para um município, que só serão liberadas mediante o apadrinhamento de um parlamentar, cujo nome pode ser mantido em sigilo.
Qual a gravidade do orçamento secreto?
Maior escândalo de corrupção do planeta? – O chamado “Orçamento Secreto” começou a funcionar a partir do Orçamento federal de 2020, após o Congresso aprovar em 2019 a Lei Orçamentária do ano seguinte prevendo, pela primeira vez, R$ 30 bilhões a serem gastos por meio das emendas de relator.
- Inicialmente, o presidente Jair Bolsonaro vetou essa novidade no Orçamento.
- Depois, porém, ele aceitou negociar com o Congresso e cerca de metade dos R$ 30 bilhões foram mantidos para as emendas do relator de 2020.
- A partir de então, o chamado Orçamento Secreto passou a ser um instrumento importante para construir uma base de apoio ao governo no Parlamento e afastar o risco de um processo de impeachment, avalia a cientista política Beatriz Rey, pesquisadora visitante da Universidade Johns Hopkins, em Washington, estudiosa do funcionamento do Poder Legislativo no Brasil e nos Estados Unidos.
Os possíveis desvios revelados pela revista Piauí não são os únicos indícios de corrupção envolvendo o chamado Orçamento Secreto. A novidade não tem nem três anos de duração e já houve uma série de denúncias reveladas pela imprensa brasileira, em especial pelo jornal O Estado de S. Crédito, WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO Legenda da foto, O chamado “Orçamento Secreto” começou a funcionar a partir do Orçamento federal de 2020, após o Congresso aprovar em 2019 a Lei Orçamentária do ano seguinte Na avaliação da Transparência Internacional Brasil, organização focada no combate à corrupção, não é possível dizer se o Orçamento Secreto é o maior esquema de desvios de recursos do planeta.
- Bruno Brandão, diretor executivo da organização, afirma que não há parâmetros para cravar isso justamente porque nem toda corrupção praticada é descoberta, de modo que não há números oficiais que permitam comparar diferentes esquemas pelo mundo.
- Ainda assim, ele diz que é possível afirmar que o chamado Orçamento Secreto é “extremamente grave”.
Para a Transparência Internacional, trata-se do “maior processo de institucionalização da corrupção que se tem registro no país”. O termo “institucionalização da corrupção” é usado, explica Brandão, porque, no caso das emendas do relator, está sendo usado um mecanismo institucional, que existe dentro da lei orçamentária, para dar um “verniz legal” a uma “prática corrupta”.
“O que a gente chama de institucionalização da corrupção é uma forma de dar um verniz legal, institucional, a uma prática absolutamente corrupta na sua essência, que é a apropriação do erário público para interesses privados, sejam eles políticos, de reprodução de poder, ou pecuniários mesmo, interesses materiais”, disse à BBC News Brasil.
“E, nesse caso, com imensa escala”, destacou ainda.
Quem criou as emendas do relator?
O que são as “emendas do relator” – As emendas do relator são ferramentas criadas pelo Orçamento Impositivo, implementadas a partir de 2020, que dão ao parlamentar relator da Lei Orçamentária Anual o direito de incluir emendas que precisam ser priorizadas pelo Executivo.
- Do ponto de vista técnico, são denominadas de emendas de identificador RP-9.
- Elas foram apelidadas de “orçamento secreto” pois, diferentemente de outras emendas parlamentares, não tem critério definido para a distribuição ou destino do dinheiro, o que dificulta a fiscalização sobre a execução da verba.
A Câmara dos Deputados, de acordo com a nota técnica nº 63/2021 da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira, de 8 de novembro de 2021, afirma que as emendas do relator “tradicionalmente, são utilizadas com a finalidade de corrigir erros ou omissões de ordem técnica do projeto de lei orçamentária, ou seja, um instrumento colocado à disposição dos relatores para que possam cumprir a função de organizar e sistematizar a peça orçamentária”.